Dia da Mulher: Representantes femininas do pagodão celebram conquistas, mas lamentam: "falta espaço para a gente"
08 de março de 2022 às 11h00 | Foto: Arquivo Pessoal
Sucesso nos anos 90 e no início dos anos 2000, Débora Brasil, Carla Perez, Scheila Carvalho e Rosiane Pinheiro, todas ex-dançarinas, eram os primeiros nomes lembrados quando o assunto era a representatividade da mulher no pagode baiano. Cenário bastante diferente dos dias atuais em que também já é possível ouvir vozes femininas no comando de bandas do gênero.
É o caso de Aila Menezes e Allana Sarah, vocalista da banda A Dama. Em entrevista ao Portal Salvador FM, as cantoras afirmam que apesar dos avanços ainda é pequeno o número de representantes femininas no pagodão baiano, ritmo majoritariamente dominado pelos homens.
“Acho que o cenário ainda tem muita a desejar. As mulheres têm muito espaço ainda para conquistar. A gente ainda não conquistou igualdade na questão de projeção nacional e internacional. A gente ainda não alcançou o mesmo lugar, o mesmo patamar dos homens”, opina Aila Menezes que foi percussora do movimento ao criar em 2007 a banda Afrodite, que posteriormente se chamaria Groove de Saia.
“O pagode é um meio majoritariamente masculino. O pagode, infelizmente, dentro dessa nossa sociedade, é machista, LGBTfóbico e misógino. É uma série de coisas que impedem as mulheres de brilhem mais”, lamenta a artista que participou do The Voice Brasil em 2013.
Allana Rocha, da banda A Dama, também admite que o protagonismo feminino no pagode baiano ainda é bastante limitado. À reportagem, a cantora diz que muitas artistas ainda possuem receio em se arriscar no ritmo.
“Infelizmente ainda é muito pequeno o número de mulheres no pagode. Mas estou aqui nessa luta, juntamente com todas outras mulheres que estão no momento para abrir portas para outras mulheres. Tem muitas mulheres, que acho que tem aquele receio, aquele medo de tentar. Entretanto, são mulheres de bastante talento e eu tenho certeza que vamos conseguir”, afirmou a cantora acrescentando ainda que faltam apoio e incentivo de outros nomes do gênero.
“Acho que a gente poderia crescer muito mais se tivéssemos mais apoio dos principais nomes do pagode baiano”, diz.
Apesar disso, em 2019 a Dama quebrou paradigmas ao receber o prêmio de Revelação do Carnaval de Salvador. “Eu mostrei para o Brasil inteiro a força da mulher no pagode. Eu pude mostrar para as pessoas que mulher pode ser quem ela quiser e pode estar aonde ela quiser. Provei que a mulher tem vez e voz no pagode”, comemora.
Assim como Alanna, para Aila Menezes o apoio de outros artistas seria um fator importante para maior ascensão das mulheres no pagodão.
“Acho que falta espaço para a gente. Falta oportunidade. Porém, por exemplo, como entrevista, como essa já uma oportunidade da gente dizer que estamos aqui, que estamos unidas e presentes”, avalia a cantora que costuma convidar outras cantoras para participarem de seus shows, a exemplo de como ocorreu no último dia 5 de março no Baile de Todas as Cores, evento idealizado por Aila.
“Mas, a gente está chegando aos pouquinhos. E é como eu sempre digo: estendam os tapetes vermelhos para as rainhas passarem, porque senão estenderem os tapetes vermelhos a gente mete pena porta e entra do mesmo jeito”, conclui.